Monday, March 20, 2006

Delfin, maio de 2004

Quebra tudo, QQ!



Eu nem consigo mais lembrar quando foi que eu vi uma história do Quebra Queixo pela frente. O que eu lembro é que o traço era bem menos estilizado que hoje em dia. Lembro também que eu curti o personagem justamente porque ele se desvencilhava do estereótipo de herói brasileiro que se impunha desde sempre, tendo um mundo muito mais universal, que pode ser lido em vários lugares sem perder o contexto.

Ainda assim era um quadrinho de autor. Marcelo Campos o criou e o desenvolveu pela década de 80. Foi nos anos 90, no entanto, que o público pôde tomar contato com o QQ e com toda a riqueza de detalhes que o autor inseriu pelas histórias e origens dos vários coadjuvantes que passam pela vida do herói da Força Zero. Isso mudou com o lançamento de "Quebra Queixo: Technorama - Volume 1", que traz histórias-solo de vários personagens secundários do universo de QQ. O grande detalhe é que Campos fez o que a maioria dos autores nacionais não tem peito para fazer: liberar outros desenhistas e roteiristas para desenvolver histórias para suas criações.

Sem dúvida esse desprendimento do ego faz com que o álbum seja apreciado de uma forma completamente nova para os poucos leitores que são fãs confessos desse brutamontes impiedoso. Porque a edição, co-produzida numa parceria entre a Devir e a Quanta Academia de Artes (escola da qual o autor é sócio), revela alguns nomes interessantes para a renovação da HQ nacional. Nas cinco histórias é possível encontrar uma gama de estilos que, além de servir de portfolio para os novos valores, também revela, numa segunda leitura, as possibilidades dramáticas de determinados personagens com este ou com aquele traço.

Compare, por exemplo, os dois estilos de desenho que estão exemplificados nesta coluna. Na ilustração maior, aqui em cima, o traço estilizado pertence ao próprio criador do QQ, Marcelo Campos, que produziu uma HQ inédita e orientou os roteiros de toda a edição. É um traço de ação e aventura, com um toque de comicidade que, por exemplo, seria difícil de ser encaixado em uma história como a do Zédulixo. Esta aventura, de um coadjuvante do mundo do QQ, é desenhada por Rael Lyra, que ilustrou o painel inferior desta página. São estilos completamente diversos, mas que, combinados no inteligente mix do álbum, conseguem conviver e intergair de maneira agradável e funcional. O que apenas mostra que a decisão de Campos abrir sua criação a outros nomes era acertada.

Sinceramente, na espera de que o QQ, um dia, caia nas graças do grande público. Pois é um belo personagem, com histórias boas e pronto pra fazer muito leitor feliz.

(Publicado originalmente na edição 23, de maio de 2004, do jornal Semana 3)

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

That's a great story. Waiting for more. circuit of diagram of circuit breaker

11:01 AM  

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