Delfin, dezembro de 2005
We shot the sheriff
O faroeste é um gênero muito importante para a minha geração. Sério. Pode perguntar para qualquer cara destes que começa a ficar velho, nascido nos fins dos anos 60 ou começo dos 70, se ele não assistia faroestes na tevê. Sério. É algo tão importante quanto Os Trapalhões ou, sei lá, Playmobil. Ah, isso não é importante pra você? Então, sugiro que, delicadamente, desvie o olhar desta coluna e se dirija para outra parte desta revista. Pois, hoje, só quem se importa é que vai entender a importância do que tenho pra dizer.
Pois bem, era natural assistir aos bangue-bangues. A Record era a tevê que mais dedicava tempo para os mocinhos, bandidos e índios em sua programação. Hoje bem nostálgicas, a Sessão Bang-Bang (faixa de seriados sobre o Oeste Bravio) e o Bang-Bang à Italiana (faixa de filmes em horário nobre dedicada aos faroestes, notadamente os originários do país da bota) faziam a cabeça de muitos garotos e criavam ídolos instantâneos.
Lembrar de séries como Laredo, James West, Laramie, Os Waltons, Chaparral e dezenas de outras é quase uma obrigação. Tanto quanto recordar as músicas memoráveis de Ennio Morricone em filmes de Sérgio Leone. Ou, ainda, tentar pescar na memória se o melhor cara com as armas era o Ringo do Giuliano Gemma ou o Trinity do Terence Hill. Aliás, quantos homens já fizeram o papel de Trinity? Ou de Sartana? Ou de Django?
Um repositório, portanto, de visões distorcidas do Oeste Distante foi colocado em muitas mentes incautas brasileiras. O resultado é que muita gente, até hoje, se identifica com estes filmes por aqui. É um fenômeno, no entanto, que atinge muitos países. A particularidade é que, no Brasil, o Faroeste Spaghetti é que se tornou muito mais popular para a minha geração.
Isso tudo tinha que ter uma conseqüência.
Teve. Um bando de artistas e roteiristas brasileiros, unidos a alguns poucos roteiristas da América do Norte e capitaneados por Shane Amaya, levaram a cabo um projeto que durou quase dois anos da concepção à finalização: Gunned Down. A história do álbum, lançado pela editora independente Terra Major, é contar histórias de faroeste com a visão diferenciada que temos aqui, no Brasil.
A idéia colou. O álbum — que ficou pronto a tempo de ser lançado na famosa comicon de San Diego, no meio deste ano — acabou no estande da editora em menos de uma hora. Um fato bem raro e que só colaborou para que a versão nacional saísse bem rápido.
O nome do álbum nacional, à parte do nome da nova novela global, era óbvio: Bang Bang. Não é de se estranhar que os editores da Devir tenham tido a mesmíssima idéia que Mário Prata, criador do folhetim global.
E tem de tudo na revista: história longa, história curta, traço tradicional, traço inovador, acabamento limpo, acabamento sujo, roteiros mais ao lado do humor, outros mais ao lado da aventura. Enfim, um álbum que contempla o espírito de uma época que ficou pra trás, mas que ainda pode ser lembrada.
Gente boníssima, como os irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá, estão no álbum. Apesar deles serem os nomes mais conhecidos, tem mais gente de altíssimo nível por lá: Fábio Cobiaco, PEOV, Bruno D’Angelo e Kako são só alguns deles. Um grande destaque é para Ricardo Giassetti, ex-sócio da Pandora Books e roteirista de alto nível (e que figuras lá de fora, como Darko Macan, já sabem que existe há algum tempo).
Inteiro em preto e branco (como nossas tevês antigas), é um álbum imperdível. E tenho dito.
(Publicado originalmente na edição 36, de dezembro de 2005, da revista Semana 3)
O faroeste é um gênero muito importante para a minha geração. Sério. Pode perguntar para qualquer cara destes que começa a ficar velho, nascido nos fins dos anos 60 ou começo dos 70, se ele não assistia faroestes na tevê. Sério. É algo tão importante quanto Os Trapalhões ou, sei lá, Playmobil. Ah, isso não é importante pra você? Então, sugiro que, delicadamente, desvie o olhar desta coluna e se dirija para outra parte desta revista. Pois, hoje, só quem se importa é que vai entender a importância do que tenho pra dizer.
Pois bem, era natural assistir aos bangue-bangues. A Record era a tevê que mais dedicava tempo para os mocinhos, bandidos e índios em sua programação. Hoje bem nostálgicas, a Sessão Bang-Bang (faixa de seriados sobre o Oeste Bravio) e o Bang-Bang à Italiana (faixa de filmes em horário nobre dedicada aos faroestes, notadamente os originários do país da bota) faziam a cabeça de muitos garotos e criavam ídolos instantâneos.
Lembrar de séries como Laredo, James West, Laramie, Os Waltons, Chaparral e dezenas de outras é quase uma obrigação. Tanto quanto recordar as músicas memoráveis de Ennio Morricone em filmes de Sérgio Leone. Ou, ainda, tentar pescar na memória se o melhor cara com as armas era o Ringo do Giuliano Gemma ou o Trinity do Terence Hill. Aliás, quantos homens já fizeram o papel de Trinity? Ou de Sartana? Ou de Django?
Um repositório, portanto, de visões distorcidas do Oeste Distante foi colocado em muitas mentes incautas brasileiras. O resultado é que muita gente, até hoje, se identifica com estes filmes por aqui. É um fenômeno, no entanto, que atinge muitos países. A particularidade é que, no Brasil, o Faroeste Spaghetti é que se tornou muito mais popular para a minha geração.
Isso tudo tinha que ter uma conseqüência.
Teve. Um bando de artistas e roteiristas brasileiros, unidos a alguns poucos roteiristas da América do Norte e capitaneados por Shane Amaya, levaram a cabo um projeto que durou quase dois anos da concepção à finalização: Gunned Down. A história do álbum, lançado pela editora independente Terra Major, é contar histórias de faroeste com a visão diferenciada que temos aqui, no Brasil.
A idéia colou. O álbum — que ficou pronto a tempo de ser lançado na famosa comicon de San Diego, no meio deste ano — acabou no estande da editora em menos de uma hora. Um fato bem raro e que só colaborou para que a versão nacional saísse bem rápido.
O nome do álbum nacional, à parte do nome da nova novela global, era óbvio: Bang Bang. Não é de se estranhar que os editores da Devir tenham tido a mesmíssima idéia que Mário Prata, criador do folhetim global.
E tem de tudo na revista: história longa, história curta, traço tradicional, traço inovador, acabamento limpo, acabamento sujo, roteiros mais ao lado do humor, outros mais ao lado da aventura. Enfim, um álbum que contempla o espírito de uma época que ficou pra trás, mas que ainda pode ser lembrada.
Gente boníssima, como os irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá, estão no álbum. Apesar deles serem os nomes mais conhecidos, tem mais gente de altíssimo nível por lá: Fábio Cobiaco, PEOV, Bruno D’Angelo e Kako são só alguns deles. Um grande destaque é para Ricardo Giassetti, ex-sócio da Pandora Books e roteirista de alto nível (e que figuras lá de fora, como Darko Macan, já sabem que existe há algum tempo).
Inteiro em preto e branco (como nossas tevês antigas), é um álbum imperdível. E tenho dito.
(Publicado originalmente na edição 36, de dezembro de 2005, da revista Semana 3)
1 Comments:
Anos depois vejo este post! Carlos, um dia você será recompensado. hahaha abraço!
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